O sabor especial da gastronomia japonesa

Família cuida, há 30 anos, de restaurante japonês pioneiro em SP

O Nagayama foi um dos primeiros estabelecimentos de culinária nipônica a prosperar fora da Liberdade. Hoje, “domina quarteirão” no Itaim Bibi.

A culinária japonesa está entre as maiores paixões gastronômicas dos paulistanos. Tanto que, surpreendentemente para muitos, há mais empreendedores vendendo sushis do que carne assada: segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em São Paulo (Abrasel), há 600 restaurantes japoneses na cidade, contra 500 churrascarias.

Mas décadas atrás, o cenário era outro. Para comer um bom sushi ou sashimi, bem como outras refeições quentes, era preciso ir até a Liberdade, bairro com uma grande presença de imigrantes e descendentes orientais.

Há pouco mais de 30 anos, no entanto, uma família abriu um dos primeiros restaurantes japoneses fora da Liberdade. A empresa nasceu em um pequeno ponto comercial no bairro do Itaim Bibi e existe até hoje. Aliás, cresceu: virou uma rede com unidades na capital paulista e uma operação no Rio. E a família, por sua vez, continua bem-sucedida no afeto e nos negócios.

A família em questão é a Nagayama. Este, por sinal, é o nome do primeiro restaurante criado por eles, em 1988.

O principal nome do negócio é Mário Nagayama, de 54 anos. A relação dele com a culinária japonesa se aprofundou durante uma temporada de três anos nos Estados Unidos. Tenista, ele viajou para fazer sua carreira vingar por lá. “Para me manter, eu trabalhava à noite em um restaurante japonês”, afirma.

O sonho de brilhar nas quadras, infelizmente, não foi para a frente. Mas o tempo que passou nos EUA o fez perceber que poderia ser bem-sucedido como empreendedor – e vendendo comida japonesa no Brasil.

De volta ao país, foi morar no Itaim Bibi. Descobriu, tempos depois, que um pequeno ponto comercial estava disponível perto de casa. Abriu ali o Nagayama, na época com apenas quatro mesas disponíveis para o público.

Dois anos depois da inauguração, um vizinho repassou o ponto a Mario, que conseguiu, então, ampliar seu restaurante.

Em 1991, foi inaugurado o segundo Nagayama, nos Jardins, uma das regiões mais badaladas da cidade. “Estar no bairro era a realização de um sonho. Era um lugar meio intocável, mas encaramos o desafio”, afirma o empresário. Para abrir o novo restaurante, entrou em sociedade com os pais, Teru, 83, e Hachiro, 84, que são sócios de Mário desde então.

Anos depois, o quarteirão em que está o primeiro Nagayama foi “dominado” pela família: foram criados ali mais dois restaurantes: o Nagayama Café e o Naga. Em 2013, a rede chegou ao Rio de Janeiro. Lá, outro Naga foi aberto na Barra da Tijuca.

O primeiro Nagayama é mais tradicional. Atrai muitas famílias, principalmente as que moram no Itaim. A filial dos Jardins e as unidades do Naga, por sua vez, são mais contemporâneos e atraem um público mais jovem. Já o Nagayama Café tem clima de bar, com música alta e um foco maior em coquetelaria.

Apesar das diferenças de conceito, em todas as casas se encontram ingredientes de qualidade e bom atendimento, de acordo com Mário. Os clientes gastam entre R$ 150 e R$ 200 para comer nos restaurantes. O faturamento do grupo não é revelado pelos sócios.

Nessas três décadas, algumas crises aconteceram, Mário reconhece, mas sem esclarecer os problemas. No entanto, apostar em ingredientes de boa qualidade e atendimento primoso, fez com que a clientela se mantivesse fiel e a rede, saudável.

Desde 1988, o cuidado com a segurança aumentou. “A gente abria o restaurante até 2 da manhã. Hoje isso é impensável, porque é muito perigoso”, diz. Além disso, foi necessário desenvolver um conhecimento grande em marketing digital para atrair pessoas. “No começo, tudo era no boca a boca. Hoje, é preciso caprichar no Instagram, impulsionar os posts, ficar sempre ligado.”

De acordo com o empresário, depois de 30 anos, o nome se consolida. E isso tem seu lado ruim. “Com três décadas de estrada, você não briga mais com a concorrência. Na verdade, a luta é consigo mesmo, para manter a casa atual e continuar com a energia alta. É ter zelo e cuidar de todos os detalhes, para que a experiência do cliente seja a mesma sempre e que ele volte toda semana”, diz.

Entre a família, de acordo com Mário, a convivência é harmoniosa. “De vez em quando tem um arranca-rabo, mas a gente sempre se entende. Nós nos damos muito bem e priorizamos a família em vez do dinheiro. Deixamos a vaidade e o ego de lado e tiramos os conflitos de letra”, afirma.

Daqui a dois meses, o grupo ficará um pouco maior: outra casa, o Bar do Naga, será aberto, também próximo aos outros empreendimentos do grupo no Itaim Bibi. “Também quero viajar para ver como está o mercado lá fora, trazer coisas novas e se atualizar. Que o Nagayama tenha mais 30, cem anos pela frente.”

Nagayama
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